quinta-feira, dezembro 15

Monotemática


Aos 30 anos, me parece ridículo usar tintas de cores exóticas nos cabelos, minissaia e meias 3/4. 

Parece ridículo abusar dos babados e estampas de bichinhos, enfeites com lacinhos e usar o diminutivo ao falar.

Aos 30, ser romântica é pecado, ser dependente é sempre condenado e ser neurótica é mais do que esperado.

Aos 30, eu deveria estar segura o bastante para transitar entre as cores berrantes e o ímpeto dos 15, e a discrição e serenidade dos 50, caso me desse na telha. 

A usar roxo da cabeça ao pés, assumir certos pêlos, entender os meus cabelos, aceitar as ações, orientar as emoções e sorrir. Eu até poderia escrever declarações de amor, mas sem o medo absurdo de parecer ridícula.

Os 30 mereciam mais de mim. Eu merecia mais dos 30.


domingo, novembro 27

O maravilhoso mundo dos seriados

Os bonitos de Grey's Anatomy


No domingo eu quis tatuar um infinito duplo no pulso e me vingar dos inimigos, elaborando planos e estratégias como em um perfeito jogo de xadrez.

Quis vencer um caso complicado apesar dos juízes corruptos e da calça comprida. Quis quebrar todos os vidros do carro com um taco de beisebol e deixar um beijo de batom vermelho no retrovisor.

Eu quis ser cientista e desevendar crimes tendo apenas uma fibra de algodão como pista.

Quis ser cirurgiã, capaz de abrir a cabeça de uma garota e retirar um imenso tumor, ou reconstruir a mão de um artista.

Eu quis ter dúvidas sobre a eutanásia de uma amiga e uma imensa vontade de gerar filhos.

Eu quis esquecer o meu mundo por algumas horas e consegui, sem contar com os intervalos..

sexta-feira, novembro 18

Sei não



Não sei se a culpa é da percepção de que três décadas de uma vida passaram e pouco foi feito. 

Não sei se é o momento de readaptação após voltar de um lugar onde eu gostaria de ter ficado. 

Não sei se são os oito quilos a mais que me fazem repelir as imagens refletidas em espelhos - ou em vídeos que insisto em fazer para o trabalho. 

Não sei se é uma crise geral por não conseguir imaginar que um dia conseguirei ganhar dinheiro para comprar um apartamento meu e poder quebrar todas as paredes, além de colorir as que sobrarem. 

Ou dinheiro para conhecer o mundo, já que aos 30, não pisei em sequer um décimo das terras estranhas que gostaria de ter entre meus dedos. 

Não sei se é a falta de iniciativa para pôr em prática todos os planos mentais que fiz para minha vida. 

Não sei se é a culpa pela preguiça. Ou a culpa pela eterna culpa.

Só sei que hoje senti falta de escrever. 

O que ando fazendo





quarta-feira, setembro 21

A vida sem Charlie Harper



Gosto muito de seriados mas, definitivamente, não gosto tanto das comédias. Simplesmente não consigo ser atraída de um jeito como sou pelas outras, de diferentes temáticas. Mas é fato que, por mais que ache bacana e divertido, não me dedico a tentar assistir todos episódios, acompanhar e ficar ansiosa com o que está por vir.   

Nunca fui assim com Friends, Will & Grace, Everybody Loves Raymond, Big Bang Theory, How I Met Your Mother etc. No máximo Love and Marriage, The Office e Seinfeld despertaram uma vontadezinha de ver tudo mas sempre perderam espaço para outras tipo True Blood, Dexter, House, CSI, Law and Order, Sex and The City, Studio 60, Pushing Daises, Ally McBeal, Wonder Years...

segunda-feira, setembro 12

Confissões de uma balzaca

Parabéns pra mim
Fiz 30 anos. E estava em SP. Não tive vontade de escrever e descrever tudo o que aconteceu, apesar de ter sido um dia bom. 

E agora tenho 30 anos na cidade. E me sinto como uma adolescente no auge da cegueira emocional que sonha, planeja, insiste, implora e se descabela para que o garoto desejado lhe dê o mínimo de atenção.

Fico assim, esperando que Paulo (a.k.a O Cinzento) me trate bem. E às vezes questiono se realmente estou sendo insistente como uma adolescente mimada ou estou apenas agindo como uma mulher que tenta ser madura e independente o bastante para correr atrás do que quer, mesmo que vez ou outra vacile e se confunda ao pensar sobre o que quer. 

Só sei que tenho 30 anos, malas espalhadas por aí e vários sentimentos que diariamente matam o tempo se divertindo cruelmente numa imensa e sinuosa montanha russa.

quarta-feira, agosto 17

64 quilos



Na noite de ontem, pela primeira vez desde que voltei dos Estados Unidos, abri as duas malas que trouxe de lá. E senti que minha energia foi completamente sugada. Foram quase 7 meses de coisas amontoadas e, juntas, pesando 32 kg em seus lugares determinados para a viagem, a mudança.

Tive que bagunçar tudo, tirar tudo de sua suposta harmonia compactada e inundar minha cabeça de lembranças. Em alguns momentos até senti o cheiro da casa e das ruas de Davis.

terça-feira, agosto 9

Doença

Ela sente tudo. Não só na cabeça e coração. No estômago, pulmão, na perna direita, nas duas mãos. Às vezes ela nem percebe que seu sentir provoca dores e sintomas parecidos com vírus, infecções e inflamações. Outras vezes ela se confunde pelo tal sentir e ignora bactérias e outros motivos fisicamente reais para preocupações. Ela cria labirintos, buracos negros e poços sem fundo dentro de si. E vez ou outra vira pelo avesso, se perde e é sugada para as profundezas do seu eu, sem encontrar um fim. 

A crise

Coisas que passam pela cabeça antes de voltar para SP:

- Pq vou fazer isso de novo?
- Será que vale a pena?
- Será que é a escolha certa?
- Pq vou fazer isso de novo?

Além de um filme de como foi a minha vida na cidade, em vários aspectos. O filme tem de tudo: drama, romance, suspense, comédia, questionamentos cult e até ficção científica.

E me sinto sozinha. E me sinto rodeada de gente. 

E sinto o estômago virar. E sinto o coração apertar.

Aí volto a pensar de novo: "será que vale a pena?".

Só dá pra saber tentando.

segunda-feira, agosto 8

Contagem regressiva


Faltam poucos dias para o meu aniversário de 30 anos e menos ainda para outro recomeço de vida.

Foram mais de seis meses na Califórnia e mais de um mês em Salvador. Talvez mais tempo do que deveria ter sido. Mas saber exatamente o que deveria ter sido está muito além das minhas habilidades de simples mortal cheia de defeitos e inseguranças.

Mas agora, assim como fiz no início de 2008, volto para a "cidade grande", a imensa cidade, sem nada. Nada da matemática básica: trabalho + dinheiro + casa = segurança.

terça-feira, julho 19

A minha roda viva



Dois turistas passaram o dia andando na linda San Francisco. Subiram e desceram ladeiras, atravessaram parques, passaram por ruas sinuosas, vistas panorâmicas, cafés aconchegantes e bairros interessantes.

Em um determinado momento, meio perdidos meio achados, resolveram pegar um ônibus e voltar ao centro da cidade, onde o hotel ficava, longe de onde estavam, perto de um ponto do mar que ainda não tinham encontrado. 

Do lado errado da rua decidiram pegar o transporte, sabendo que ele daria uma volta maior, para  aproveitar um pouco mais o passeio por ruas desconhecidas que levavam ao litoral.

domingo, julho 17

De onde vem a ficção

"Ela pensou muito. Mais do que o seu normal de pensamentos obssessivos e constantes.

Participou de conversas imaginárias, escreveu listas, desconstruiu teorias, reconstruiu sentimentos e traçou planos.

Finalmente ela começou a acreditar que o seu pensar poderia fazê-la feliz."

sexta-feira, maio 20

A novela do bacon

Camiseta Ilustrês de Rodrigo - foto de Biscaia

Ontem fui almoçar no meu restaurante preferido em Downtown: o Crepeville. E aconteceu uma das coisas mais surreais, e comuns por relatos de outros brasileiros que estão nos EUA: mesmo falando a palavra corretamente, com a pronúncia correta em inglês, não somos entendidos.

Nesse restaurante é possível montar seu crepe, escolhendo os recheios. Simples, muito simples. Comecei com: "cheese (queijo), ham (presunto), tomatoes (preciso traduzir?) and bacon". A garçonete não entendeu o último ingrediente. 

quarta-feira, maio 18

Só o Google salva

Esse post é bem informativo. Para quem quer descobrir uma forma de mudar o tipo de visto, estando no país estrangeiro.

Primeiro eu preciso dizer que, ou sou sortuda (o que seria bem estranho me conhecendo como conheço), ou realmente os órgãos de imigração dentro e fora dos EUA são mais simples do que muita gente disse que eram. Para mim, tudo aconteceu tranquilamente e tudo que pedi foi permitido - com os devidos pagamentos feitos, claro.

quarta-feira, maio 11

Quando criei asas de corrente

Acompanhando uma amiga que pela primeira vez veio conhecer minha casa, atravessei a rua e, num fim de tarde, fui até o parque.

Ele fica apenas do outro lado da rua e eu não consigo lembrar quantas vezes estive lá, de tão poucas que foram. Claro que com o inverno tudo ficava mais difícil, principalmente para alguém como eu que sofre com o frio.

Mas a primavera chegou e não faz pouco tempo. E a cada dia, assim como as ruas da cidade, o Community Park de Davis fica mais bonito.

terça-feira, maio 3

O carnaval para Osama


No domingo à noite, quando soube da morte de Osama Bin Laden não saí enlouquecida pela rua enrolada numa bandeira dos Estados Unidos para comemorar com meus vizinhos. Nem sei se os vizinhos estavam na rua comemorando. A rua estava calma e silenciosa; assim continuou.

Segunda-feira não precisei ir no campus e como boa preguiçosa que sou, aproveitei para ficar em casa. Portanto, ao vivo, também não vi nenhuma manifestação sobre o acontecido. Rodrigo me contou que, nos momentos em que ele esteve fora da biblioteca, também não viu nada diferente do normal.

segunda-feira, maio 2

Complexo de Cinderela


No final de semana eu descobri que o cabelo de Kate Middleton há alguns anos era mais cacheado, onde ela nasceu, como seus pais se conheceram, o nome dos seus irmãos, os esportes que ela praticava na escola, as escolas onde estudou e seu gosto duvidoso para escolher roupas em desfiles de moda na universidade - mas que funcionaram muito bem para agarrar um membro da realeza britânica.

segunda-feira, abril 18

Eles também vendem o peixe

As universidades nos Estados Unidos realmente  são muito interessantes. Um mundo à parte, sabe? E é muito bacana poder acompanhar isso no dia-a-dia - e olhe que nem sou aluna, apesar de estudar inglês e agora fazer yoga no campus. 

As boas são caríssimas. Mas não é um caro tipo FAAP; é caro muito caro mesmo. Parece que a UCDavis cobra mais de 40 mil dólares por ano. Por aluno. Sabendo disso, agora faz todo sentido todos os diálogos que cresci vendo na Sessão da Tarde sobre a importância de guardar dinheiro para que os filhos possam frequentar a universidade aqui, ou o desespero de quem tenta ganhar bolsa por atividades extra-curriculares, boas notas ou esportes. Mas também aqui estão algumas das mais importantes universidades do mundo, com algumas das mais importantes pesquisas e dos mais importantes pensadores. 

quarta-feira, abril 13

Aquela dança

Era a "noite da salsa". Ele foi para encontrar os amigos; ela, para estar com ele e quem sabe até conseguir uma dança. Chegaram cedo. Os amigos apareceram e a conversa se desenrolou com alguns copos de cerveja e taças de vinho. 

Até que, como era esperado, mesas começaram a ser retiradas do centro do bar. Alguns dos seus amigos, percebendo a movimentação, partiram em retirada, prevendo o que aconteceria a seguir. Ele, apesar do pavor provocado pela dança, por qualquer tipo de dança, continuou ali, por ela.

terça-feira, abril 5

Os microshorts que me levaram para a Yoga

Sou preguiçosa. Muito. E antes que alguém pense logicamente pelos estereótipos grudados no cérebro "claro, você é baiana!", digo logo que assim como a maioria dos baianos que conheço, trabalho muito e loucamente, muitas vezes até mais do que deveria. Mas se é pra ficar em casa eu fico e não quero sair nem por decreto. E fico feliz por não fazer absolutamente nada -  claro, até um nível aceitável para manter minha sanidade. Mas tenho preguiça vez ou outra de me mexer. Imagine de fazer exercícios físicos.

Pois bem, quando cheguei nos Estados Unidos era inverno. Frio. Casacos. Muita roupa. Eu, gordinha que estou (cerca de 10 kg acima do que considero ser meu peso ideal), me sentia mal mas conseguia disfarçar bem meus excessos.  

Pois a primavera finalmente chegou. E com ela, o calor. E não é qualquer calor, é o calor californiano que faz com que as mulheres frequentem a Universidade semi-nuas. É sério. Depois falam das brasileiras. Mesmo com o calor de Salvador eu NUNCA vi nenhuma menina assistir aula com um short do tamanho dos que vejo por aqui. São calcinhas. E é super normal, e elas são super bem resolvidas. Acho ótimo, nesse sentido.

segunda-feira, março 28

Minha colher de pau nessa moqueca

Já li tantos textos sobre o caso "blog de Bethânia" que agora resolvi me pronunciar.

Pensei nos prós, nos contras, nos argumentos e contra-argumentos.
Avaliei os números, valores, salários, tabelas, porcetagens e investimentos.
Busquei leis, palavras, formatações, processos.
Investiguei até a genealogia da Ministra para encontrar sentido e incluí-lo como anexo.
Mas no final o que restou foi só fome: não de massa, como costumava desgustar Al Capone;  mas de dendê, já que a máfia em questão, vive de sol, mar e dos impostos da população.

domingo, março 27

O consumismo que me consome por não ter dinheiro para consumir

Eu gosto de comprar. Não sou daquelas consumistas enlouquecidas que estouram limites de crédito e devem para Deus e todo mundo; muito pelo contrário, só gasto o que o posso. Mas quando posso, gosto de gastar. 

Para vir estudar inglês na Califórnia investi muito. Meu dinheiro todo, na verdade. E ainda vendi quase tudo o que tinha no Brasil, já que saí da casa onde morava em SP, e também precisava juntar o máximo que eu pudesse para converter em verdinhas. Vendi móveis, roupas, bolsas, sapatos - tudo o que foi possível. O que não foi, eu doei.

quinta-feira, março 24

O maravilhoso mundo da TV gringa

Acho muito estranho o espaço que a previsão do tempo tem na TV dos Estados Unidos. Provavelmente acho estranho porque venho de um país que, fora algumas tragédias por conta do excesso de chuva e uma eterna tragédia pela falta de chuva mas que não parece ser tão interessante de ser televisionada ou discutida, o Brasil é territorialmente privilegiado.

Aqui são tufões, tornados, furacões, nevascas, terremotos e tsunamis que preocupam a população. Por isso, blocos inteiros dos telejornais são dedicados ao tempo. Também é muito interessante observar como em alguns canais os apresentadores são as atrações principais, estampando as aberturas e dando opinião sobre absolutamente tudo. Bonner e Bernardes são discretíssimos e contidos comparados ao povo da Fox, por exemplo.

terça-feira, março 22

Um domingo qualquer

Mês passado fui a uma manifestação em Sacramento, cDSC01294apital da Califórnia e, só agora com o final das minhas aulas super intensivas, consigo voltar a pensar em escrever por aqui.

Pois bem, eu que não entendo nada de política e também não me interesso pelo assunto fui levada pela mão para a tal manifestação.

O que acontece é o seguinte: parece que os Republicanos doidos do Tea Party quiseram vetar vários benefícios para os professores em Wisconsin. Aí a coisa se espalhou e virou uma confusão só.

terça-feira, janeiro 25

Pros lados de LA

DSC00961
Antes de ir para Los Angeles procurei opiniões em alguns blogs e só li coisas ruins. Decidimos ir meio que no susto, super de última hora num início de feirado e sem ter reserva em nenhum lugar.

Chamei dois brasileiros que conheci no curso de inglês para que ficasse mais barato dividir o alguel do carro, gasolina e quarto em albergue: Alberto e Thaís - dois paulistanos completamente opostos.

Alugamos um carro no aeroporto de Sacramento - pelo plano mais barato, surrealmente pegamos um carro muito grande, modernoso, bacana e que no Brasil deve ser caríssimo - e passamos umas 7 horas na estrada.

segunda-feira, janeiro 24

De tudo um pouco

As aulas começaram no dia 6 de janeiro e, só agora, depDSC00931ois de muito pensar no que escrever, deixei grammar, composition, reading, vocabulary, pronunciation etc um pouco de lado para voltar a pensar textos em português. 

Tenho me esforçado e me desesperado para pensar em inglês - até pq o falar está terrível.

sábado, janeiro 22

Ano novo com um pequeno atraso

Decidimos fazer uma viagem de última hora. Foi uma viagem de pré-reveillon porque em cima da hora tudo já estava lotado e as reservas que sobravam nos hotéis eram caríssimas. Mesmo assim, dia 30 fomos para

Lake Tahoe, aqui na Califórnia mesmo, para que eu fosse apresentada à neve. O primeiro dia foi de uma viagem longuíssima e quase sem fim. Foram um trem e vários ônibus, fazendo um tour por uma paisagem completamente surreal que finalmente me fez perceber o quão longe de casa estou.