sábado, julho 24

Vale a pena fazer de novo?

A estreia de TiTiTi na Rede Globo me fez pensar sobre os remakes televisivos. Pecado Capital, Anjo Mal, Sinhá Moça, Selva de Pedra e Mulheres de Areia são apenas alguns exemplos de novelas que ganharam uma "roupagem nova". O que me pergunto é: por que isso acontece?


Seria por falta de criatividade dos roteiristas para pensar em algo novo? Ou com a concorrência da Record, que cada vez mais está se fortalecendo na teledramaturgia, a Globo resolve apostar no que garantiu sucesso em 1984? Vale lembrar que a própia Record comprou os direitos e fez um remake de um grande sucesso da Globo, Escrava Isaura.

Tititi entrou no ar após o fracasso de Tempos Modernos, com trama original de Bosco Brasil, numa tentativa de alavancar a audiência do horário pré-Jornal Nacional com mais humor, já que a antecessora se perdeu no caminho dos risos, marca registrada do horário, priorizando mais o drama.

A história foi originalmente escrita por Cassiano Gabus Mendes, e a atual fica por conta de Maria Adelaide Amaral. A autora afirmou em diversas entrevistas que a essência da história será a mesma, mas diálogos serão mudados e personagens acrescentados. Inclusive alguns serão "trazidos" de outras novelas de Gabus Mendes.

Pois bem, se diálogos serão refeitos e personagens acrescentados, por que não escrever algo original? Por que insistir em algo que fez sucesso no início dos anos 80 ao invés de reprisá-la no Vale a Pena Ver de Novo para matar a vontade dos mais saudosistas?

O tipo de público que assiste novelas às 14h e às 19h influencia nessa escolha? Claro que sim. Provavelmente por isso a aposta em um horário mais nobre. A escolha específica dessa história, ligada ao mundo da moda, também pode ter sido influenciada diretamente pela exposição excessiva de personagens desse meio, afinal, quase toda adolescente sonha em ser Gisele Bündchen.

Com essa repaginada, a nova novela chegou com uma seleção de "belos" saídos de Malhação e até mesmo um casal gay com carinhos explícitos. A abertura é praticamente igual a da original, mas com uma qualidade de efeitos técnicos muito maior. A canção também é a mesma, só que dessa vez interpretada por Rita Lee (antes era do grupo Metrô).


Por falar em efeitos técnicos, confesso que, até mesmo no cinema, só vejo sentido em remakes quando os recursos tecnológicos influenciam completamente em uma melhor qualidade do que já foi feito. Por exemplo, uma refilmagem de Saramandaia (novela de Dias Gomes, exibida em 1976) seria interessante para explorar todos os detalhes nas cenas de realismo fantástico.

No caso de TiTiTi, acredito que a aposta em um elenco cheio de frescor e uma história clássica que envolve moda, beleza, glamour, traições, amores e tudo isso que todo mundo gosta de ver foram fatores fundamentais na escolha da regravação. Ou então, foi simplesmente por preguiça mesmo.

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