quarta-feira, agosto 17

64 quilos



Na noite de ontem, pela primeira vez desde que voltei dos Estados Unidos, abri as duas malas que trouxe de lá. E senti que minha energia foi completamente sugada. Foram quase 7 meses de coisas amontoadas e, juntas, pesando 32 kg em seus lugares determinados para a viagem, a mudança.

Tive que bagunçar tudo, tirar tudo de sua suposta harmonia compactada e inundar minha cabeça de lembranças. Em alguns momentos até senti o cheiro da casa e das ruas de Davis.


Mas além do saudosismo fui invadida por uma tristeza em forma de desespero. Pela quantidade de coisas que pulavam das malas sem o seu devido lugar de estar. Ganhei gavetas e espaços dos queridos que me hospedam mas enlouqueci só com o pensar de como será quando eu precisar sair, talvez para minha futura casa, talvez para outra casa de amigos, para desarrumar, arrumar, encaixotar, desencaixotar e começar toda a bagunça de novo, até não sei quando. 

Porque, no fim das contas, tudo tem a ver com a instabilidade e consequentemente a insegurança que isso me traz.

Dormi. Acordei. Organizei tudo. E dessa vez sem peso, sem angústia. Apenas arrumei, feliz de ter gavetas e espaços na casa e nas malas que, daqui a um tempo, estarão cheias para serem levadas a outro lugar novo. 

E deixando o pessimismo de lado, existe sim algo de excitante e animador pelo que de novo está por vir, pelas milhões de possibilidades e por tudo o que posso fazer da minha vida.

É Paloma, continue repetindo isso para si várias e várias vezes ao dia. E aproveitando o bom de estar na Augusta.

2 comentários:

Di Pimenta disse...

E o que é a vida senão um arrumar e desarrumar de gavetas, Papá?
E é esse medo... desespero... que nos movimenta e nos obriga a mudar... e não só de lugar...
:)

Ramon Pinillos Prates disse...

Passei por algo parecido quando vim aqui pra Brasília. Minha mãe está vendendo nosso apartamento, então tive que separar as coisas que eu queria ou não. Foi bem complicado.

Beijos e boa sorte por aí.