segunda-feira, abril 18

Eles também vendem o peixe

As universidades nos Estados Unidos realmente  são muito interessantes. Um mundo à parte, sabe? E é muito bacana poder acompanhar isso no dia-a-dia - e olhe que nem sou aluna, apesar de estudar inglês e agora fazer yoga no campus. 

As boas são caríssimas. Mas não é um caro tipo FAAP; é caro muito caro mesmo. Parece que a UCDavis cobra mais de 40 mil dólares por ano. Por aluno. Sabendo disso, agora faz todo sentido todos os diálogos que cresci vendo na Sessão da Tarde sobre a importância de guardar dinheiro para que os filhos possam frequentar a universidade aqui, ou o desespero de quem tenta ganhar bolsa por atividades extra-curriculares, boas notas ou esportes. Mas também aqui estão algumas das mais importantes universidades do mundo, com algumas das mais importantes pesquisas e dos mais importantes pensadores. 


Pois bem, todo ano, algumas dessas universidades (confesso que não sei se é uma prática de todas) promovem o Picnic Day que, segundo ouvi de uma das minhas professoras, é um tipo de "open house" para que as pessoas possam conhecer o que é feito no ambiente acadêmico. E isso serve para que alunos de diferentes cursos saibam o que o pessoal do prédio do lado inventa, para que quem mora na cidade saiba que diabos esses meninos cheios de livros e laptops tanto estudam e, principalmente, para que futuros alunos, acompanhados da família toda, possam decidir para onde irão.

É bem estilo aqueles eventos que temos nas escolas e universidades brasileiras, sei lá, tipo feira de ciências ou semana de alguma coisa, só que em maiores proporções. No caso de Davis é literalmente maior porque aqui fica localizado o maior campus das UC's (Universidade da Califórnia) em termos de área. 

Então, no sábado passado, você poderia ver corrida de cachorros, andar a cavalo, tirar leite de vaca, pegar em répteis (e até adotar um), ouvir pelos menos umas 30 bandas de estilos diferentes tocando em vários palcos espalhados pelo campus, fazer desgustação de pão, mel, vinho, sorvete - tudo fruto de pesquisas e com receitas diferentes e inovadoras, ganhar brindes ou só sentar no gramado e observar todas as figuras diferentes e interessantes que circulavam por lá. 

Confesso que de tudo o que vi, sem dúvida nenhuma, do que mais gostei foi a batalha de bandas. Sabe as bandinhas que nos filmes vemos abrir os jogos de futebol, normalmente compostas pelos nerds/losers? Pois é, não sei se os integrantes sofrem bullying dos jogadores ou cheerleaders de verdade, mas que parecem ser muito legais tocando músicas do Muse e Foo Fighters, isso parecem. 

E a batalha funcionava da seguinte maneira: umas 5 bandas (cada uma representando uma universidade diferente), ficavam lado a lado no Arboretum - lugar bacana, com laguinho, patinhos e muito verde. Cada uma, com roupas diferentes, fantasias e tudo o que fosse possível para chamar a atenção do público, começava a tocar uma música e assim que terminava, a outra já soltava os primeiros acordes e assim seguiam em sequência, sem paradas, sempre indo e voltando da primeira até a última. 

Foi muito legal de ver, pela músicas, pelas dancinhas e pelo climão divertido do lugar. Em um determinado momento, virou jam session e as bandas se juntaram e se separam ao mesmo tempo: ao invés da divisão feita para a competição por escola, eles se reuniram em grupos por instrumentos e, enlouquecidos, começaram a tocar, se jogar no chão, correr em volta do lado e tudo o que fosse possível fazer enquanto tocavam seus instrumentos. Delirei, confesso.

Durante a semana pré-picnic, vi vários avisos sobre a proibição de bebidas alcóolicas no evento; aqui já é proibido beber na rua. Lá não seriam vendidas bebidas e até panfletos descrevendo sintomas de intoxicação por álcool foram distribuídos. Fora os avisos de multas pelas mais diversas infrações, como fazer xixi na rua, por exemplo. Passei a semana meio assustada, com a descrição feita pelos "nativos" de que a universidade ficava completamente lotada, que o número de pessoas que circulavam por lá era maior do que o número de habitantes da cidade inteira, etc. Certo, mas para quem cresceu no carnaval na Bahia, digo com toda a autoridade: foi tranquilíssimo com espaço à vontade para todo mundo deitar e rolar na grama. 

Mas é claro que depois do picnic, lá para o fim da tarde, início da noite, o que mais se via nas casas ao redor do campus - principalmente fraternidades -, eram os copinhos vermelhos usados para cerveja e os "adolescentes" embriagados gritanto pela ruas. Mas cheiro de xixi, realmente, não senti.

Um comentário:

Ramon Pinillos Prates disse...

Poxa, esse evento deve ter sido bem legal mesmo.