Se comparado ao primeiro filme, Sex and the City 2 até que se mantém coerente. Mas, em relação ao seriado que originou os dois longa-metragens, a continuação das aventuras de Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker), Miranda Hobbes (Cynthia Nixon), Charlotte York (Kristin Davis) e Samantha Jones (Kim Cattrall) é sofrível.
Na verdade, quem vai despretensiosamente ao cinema, com a intenção de ver um filme leve, até se distrai. Mas para quem é fã mesmo, do tipo que acompanhou as seis temporadas e tem o box em casa para rever vez ou outra os episódios, a dor no coração é grande.
Quer dizer, a vantagem do filme é poder matar as saudades das personagens. A desvantagem é que elas são completamente subaproveitadas durante as quase duas horas de exibição.
O primeiro filme foi um pouco decepcionante, apesar de focar detalhadamente como estava a vida de cada uma, suas questões com trabalho, filhos e, claro, relacionamentos. Mas o tom artificial demais, com excesso de trilha sonora pop e clichês, mostrava que algo havia mudado ou sido adaptado para atrair o grande público aos cinemas.
O segundo, que acompanha um salto de dois anos - o mesmo tempo entre as produções -, nada mais é que um amontoado de situações patéticas sem nenhum sentido ou propósito. Existe uma grande tentativa de questionar os vários tipos de casamento e como cada casal lida com suas relações, mas, no fim das contas, o filme não mostra exatamente a que veio.
O que convence mesmo, ou pior, cria uma falsa ilusão é a cena do casamento de dois personagens, com um show à parte de Liza Minelli, logo no início do filme. Esses são uns dos poucos momentos à altura do que é Sex and the City, pelo menos no bom humor na medida certa, nos diálogos bem construídos, na suavidade e na beleza em detalhes, mesmo que extravagantes.
Na verdade, ao invés de uma viagem ao deserto, o roteiro deveria ter explorado o flashback para contar detalhadamente a história de como as quatro amigas inseparáveis se conheceram em Nova York. Isso foi pincelado com pequenas frases e uma rápida amostra do figurino oitentista, usado apenas para matar rapidamente a curiosidade de muitos sobre algo nunca citado em nenhum episódio. Sem dúvida, se fosse o caminho escolhido e bem feito, teria valido mais a pena ir ao cinema.
Nem a aparição de Aidan, um antigo namorado da personagem principal, que faz o coração dos íntimos e não íntimos com a história congelar no cinema, ajudou. Nada foi aprofundado. Nenhuma trama foi boa o bastante. Nenhum grande conflito aconteceu. Até as participações especiais de Penélope Cruz e Miley Cyrus foram sem sal, açúcar, pimenta ou cheiro.
É uma pena que a transposição para a grande tela tenha apagado o brilho real de Sex and the City. Apesar de manter, em momentos muito pontuais, piadas ótimas, que lembram o passado, a essência simples da série e a complexidade de suas personagens se perderam no meio de tanta previsibilidade, canastrice e glitter.
Para relembrar os bons tempos:
Texto publicado no Virgula.
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