sexta-feira, fevereiro 26

Clichês não tiram brilho fluorescente de Avatar

Avatar talvez seja um dos filmes mais esperados pelos nerds amantes de ficção científica na última década. Tudo isso porque o roteirista e diretor, James Cameron, levou mais de 14 anos para finalmente realizar o projeto na busca do ideal tecnológico para pôr em prática suas fantasias.

Ele foi o responsável por alguns clássicos do cinema como O Segredo do Abismo, Alien - O Resgate, O Exterminador do Futuro, O Exterminador do Futuro 2 - O Julgamento Final e Titanic, todos conhecidos, principalmente, pelos efeitos especiais.

Em 1995, quando teve a idéia do roteiro de Avatar, o diretor comprovou que seria impossível transformar sua história em uma "realidade" bem feita com os recursos tecnológicos da época. O filme só começou a sair do papel em 2005. Foram usadas técnicas pioneiras no cinema como câmeras nas cabeças dos atores para capturar com precisão os movimentos faciais e colocá-los nos alienígenas.


Além disso, toda a curiosidade gerada pelo produto final também se deve a um novo experimento: Cameron desenvolveu durante sete anos o sistema mais avançado do mundo de câmera estereoscópica, permitindo que todas as cenas fossem filmadas em 3D.

ESTÉTICA NEON

Todo esse trabalho e pioneirismo tecnólogico é perceptível em Avatar. Além de uma linda estética neon, brilhante e multicolorida, a qualidade das imagens e perfeição do "irreal" transporta o público para o mundo de Pandora durante as quase 3 horas de exibição. Os movimentos e principalmente expressões faciais dos alienígenas sem dúvida são os mais próximos do real que o cinema já exibiu. Isso sem falar na qualidade dos efeitos em terceira dimensão, que realmente possuem uma forma muito precisa e "palpável", que salta das telas e invade os olhos do espectador.

Mas apesar de toda a exuberância tecnológica o roteiro é repleto de clichês. Temos o mocinho que gosta de quebrar regras mas é extremamente talentoso, os cientistas nerds, o militar linha dura e malvado, o empresário sem escrúpulos, a garota corajosa, uma história de amor e, no meio disso, várias tentativas de despertar na humanidade questionamentos sobre o respeito às diferenças culturais e o cuidado com a natureza. Válido, claro. Mas clichê, de um tipo que dá muito certo em ficção científica e que deixa todo mundo torcendo por um final feliz. E a ação prende de uma forma tão competente que a longuíssima duração é quase imperceptível.

A história é a seguinte: por uma dessas coisas loucas do destino, o ex-fuzileiro naval e paralítico Jake Sully viaja para o planeta de Pandora, onde militares e cientistas tentam se aproximar dos nativos, os Na'vis, através do Programa Avatar, que reúne informações genéticas de humanos e alienígenas, criando corpos na'vis guiados por cientistas. E nisso existem dois interesses distintos: o da pesquisa e o da ganância. Jake Sully, que caiu de pára-quedas na situação, é o único que consegue realmente se aproximar do aliens e a viver duas vidas.

NOVATOS E VETERANOS

No elenco, o quase desconhecido Sam Worthington (Jake) divide as atenções com a veterana Sigouney Weaver (parceira de Cameron em Alien), e outras figuras conhecidas do cinema e TV como Giovanni Ribisi e Michelle Rodriguez, só para citar os facilmente identificáveis sem pele azul, cauda e orelhas pontudas.

Se tudo não fosse tão óbvio, aí sim, Avatar poderia ser considerado um dos filmes mais sensacionais já realizados, pela absurda qualidade técnica e roteiro impecável. Mas a história fraca não afeta em nada o mérito de James Cameron, que merece ser ovacionado como um dos melhores diretores em ficção científica, tanto pelo conjunto da obra, como por ter esperado o momento certo para fazer um filme exatamente do jeito que ele queria, e abrindo espaço para novas produções abusarem dessa alta tecnologia.

Texto publico no Virgula.

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