segunda-feira, novembro 2

Singularidades de uma Rapariga Loura diverte e nada além disso

Macário (Ricardo Trêpa), contador que trabalha na loja do tio, se apaixona loucamente por uma garota loura que todos os dias se abana com um leque chinês em frente à sua janela. A típica Lolita dos dias atuais é Luísa (Catarina Wallenstein), garota com feições angelicais e olhar malicioso, descrita em 1902 pelo português Eça de Queiroz.

Pois seu conterrâneo, o diretor centenário Manoel de Oliveira, desenvolveu a partir do conto Singularidades de Uma Rapariga Loura o roteiro de seu mais recente longa, exibido em São Paulo na 33ª Mostra Internacional de Cinema.

Para quem conhece a literatura de Queiroz, ou mesmo suas adaptações feitas para TV e cinema como Os Maias ou O Primo Basílio, reconhece rapidamente o tom crítico à sociedade portuguesa. E a adaptação sendo do país, com atores, sotaques e diretor locais, parece ainda mais crível e fascinante. A história é simples e acaba quando, pelo menos no que se espera de um longa metragem, toda a problemática estaria apenas começando.


Algumas atuações são sofríveis, beirando o amadorismo, mas isso não estraga o produto final. É divertido acompanhar o relato de Macário e todos os infortúnios que ele sofre para conseguir ficar com sua amada rapariga. Em alguns momentos longos demais, Oliveira faz referências à Eça de Queiroz e Fernando Pessoa, demonstrando seu amor pela cultura portuguesa.

No fim das contas é um filme curto e leve, que por ter sido gerado por um diretor com grande bagagem e mais de 100 anos, merece respeito.

Texto publicado no Virgula.

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