segunda-feira, novembro 2

Filme de Beto Brant tem muito conceito e pouca qualidade técnica

O Amor Segundo B. Schianberg é uma experimentação. O filme é uma reunião, com alguma mudanças, de episódios da série com o mesmo título exibida pela TV Cultura, dentro do projeto Direções.

Essa foi a primera experiência do diretor Beto Brant (de Cão sem Dono, Crime Delicado, O Invasor, Ação entre Amigos, Os Matadores) na TV. E ele resolveu inovar, testar novas formas e conceitos, principalmente na captação das imagens.

Como em arte conceito é tudo, na teoria o fato de ser um tipo de ficção misturada com reality show por conta das câmeras espalhadas dentro do apartamento, que vigiavam as conversas e ações dos dois personagens, deveria até funcionar bem. Mas, sinceramente, a má qualidade de imagem e som, com muitos barulhos externos, não ajuda em nada para valorizar o diálogo entre os atores Marina Previato (que na verdade não é atriz, ou pelo menos não era até esse filme) e Gustavo Machado (de Nome Próprio, Quanto Dura o Amor? etc).


Seria tão mais legal boas câmeras escondidas captando tudo; mas aí, provavelmente o conceito e "inovação" não existiriam e seria apenas mais uma história de amor. Fora isso, é um filme que não incomoda - a parte de exibição de video arte não entra nessa afirmação, mas como tudo na vida, tem quem goste. Claro que até agora poucos conseguiram fazer com a maestria de Richard Linklater em suas obras-primas Antes do Amanhecer e Antes do Pôr do Sol, filmes interessantes focados apenas no diálogos entre casais. Mas, como já disse, não incomoda.

Ela é uma videoartista super moderninha e hypada; ele, um ator cheio de sentimentos e questionamentos. E os dois, aos poucos, vão desenvolvendo, aprendendo, conhecendo e definindo a relação.


O B. Schianberg do título é referente a um personagem do livro Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios de Marçal Aquino, amigo e parceiro de Brant em outros filmes. Essa é o tipo de referência que deixa os conhecedores da literatura em êxtase, e os que não conhecem curiosíssimos para desvendar o "mistério" de quem seria essa figura.

Texto publicado no Virgula.

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