domingo, outubro 4

Filhos do Carnaval

Muita gente gosta de uma história de máfia. Por isso a trilogia O Poderoso Chefão de Francis Ford Copolla é uma das mais clássicas, conhecidas e adoradas obras do cinema mundial. Na TV dos Estados Unidos, onde os seriados têm um peso imenso na dramaturgia do país, assim como acontece com as telenovelas aqui, Os Sopranos foi sucesso de público e crítica desde o seu início.

Pois se lá pra cima, no norte da América, eles têm os Corleones e Sopranos, aqui no sul temos os Gerbaras. E se você nunca ouviu falar deles, a partir de hoje, 22h, a HBO exibe a segunda temporada de Filhos do Carnaval, que conta a história dessa família.


Criada por Cao Hamburger e Elena Soarez, a série explora a temática de violência urbana, carnaval (com muito samba e mulatas) e jogos de azar, tudo o que os gringos gostam de ver sobre o Brasil. Mas é a imensa qualidade do roteiro, produção, direção e elenco que a torna uma peça diferenciada e merecedora das indicações e prêmios recebidos.

O início de tudo foi em 2006, com seis episódios de 50 minutos cada, produzidos numa parceria entre a O2 Filmes (produtora de Fernando Meireles) e a HBO Latin America. E agora, quase quatro anos depois, finalmente chega a continuação com outros sete episódios, para os que têm o privilégio da assinar o canal a cabo.

FAMÍLIA GERBARA

O primeiro capítulo começa com os mesmos elementos fundamentais da primeira temporada: uma morte e a reunião dos irmãos Claudinho (Enrique Diaz), Brown (Rodrigo dos Santos) e Nilo (Thogun). Os dois últimos são filhos ilegítimos e rejeitados pelo bicheiro carioca Anésio Gerbara, interpretado com maestria por Jece Valadão, que faleceu no ano de lançamento do seriado, seu último trabalho na TV.

Mas apesar dessa ausência, a figura de “Gerbarão” continua forte na trama. E os outros personagens, já bem definidos, agora desenvolverão mais profundamente seus dilemas, angústias e problemáticas, que são imensas. Cada um, completamente diferente do outro: Claudinho é ambicioso, reprimido e responsável pelos melhores momentos cômicos da história. Nilo, o sempre prestativo parece ser o mais humano de todos. E Brown, como tinha que ser, é o malandro cheio de vícios e passionalidade.

A passagem de tempo na história é a mesma do hiato entre as gravações, que fica evidente pela troca de atores nos papéis que antes eram infantis e agora chegam a pré-adolescência. Novos personagens importantes entrarão na trama (como Tomázio “Comodoro” Gerbara vivido por Walmor Chagas e Norberto Bueno, interpretado por Carlos Alberto Riccelli), e novos negócios da família serão intensificados. As mulheres de cada um dos irmãos (Mariana Lima, Roberta Rodrigues e Shirley Cruz) também terão mais espaço, força e importância nesses episódios.

Assim é Filhos do Carnaval: uma belíssima demonstração de qualidade em produções nacionais que a cada momento prende o telespectador numa história pesada, porém tocante.

Texto publicado no Virgula.

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